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ARTE

segunda-feira, 8 de março de 2010

HART CRANE (1899-1932) - NO TÚMULO DE MELVILLE



Muitas das ondas, do largo desta escarpa
os dados de ossos dos afogados que ele vira mandam-lhe
embaixadas. Os números quando os notava
caíam na praia poeirenta e se volviam obscuros.

E restos de naufrágios passavam sem soar de sinos,
o cálice do que é bondoso na morte restituindo
um capítulo disperso, hieróglifo lívido,
a chaga ominosa em corredores de conchas.

E então no circuito calmo de uma vasta curva,
encantado o chicotear e conformada a malícia,
gelados olhos havia que levantavam altares;
e silentes respostas se esgueiravam de astro a astro.

Bússolas, quadrantes, sextantes já não forçam
mais marés. Alta nos azuis declives
a monodia ao marinheiro não despertará.
Esta sombra fabulosa só o mar aguarda.

Tradução de Jorge de Sena


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